Espetáculo Sertão Sem Fim, inspirado por vivências de mulheres do interior baiano, inicia temporada online gratuita. O espetáculo – que fez...
Espetáculo Sertão Sem Fim, inspirado por vivências de mulheres do interior baiano, inicia temporada online gratuita. O espetáculo – que fez temporada presencial recentemente – fará sessões pelo Youtube a partir do dia 2 de abril.
A montagem se afasta do regionalismo e aproxima questões do sertão nordestino ao corpo de uma mulher que luta diariamente por sua dignidade enquanto enfrenta inúmeras injustiças e dificuldades.
Sertão Sem Fim fez temporada presencial em fevereiro de 2021, num período em que a pandemia estava em números menores de contágio e óbitos diários. Na sequência, o Estado mudou de fase e os teatros fecharam novamente. A verba arrecadada com estas sessões do Teatro Sérgio Cardoso foi direcionada para a ONG Casa de Isabel, que é um centro de apoio à mulher, à criança e ao adolescente vítimas de violência doméstica e em situação de risco, localizado na zona leste da capital, no bairro Itaim Paulista.
Neste contexto, Sertão Sem Fim agora volta-se para o online e faz nova temporada do espetáculo que tem à frente a atriz Tertulina Alves. O registro em vídeo da peça será pelo Youtube da MoviCena Produções entre 2 e 11 de abril às sextas, sábados e domingos, às 21h, de graça. Este projeto foi contemplado pelo PROAC LAB 36/2020.
COMENTÁRIOS DE IMPRENSA E CRÍTICAS SOBRE A PEÇA
Dessa temporada presencial no Teatro Sérgio Cardoso, muitas críticas e textos a respeito do espetáculo surgiram, analisando a presença da atriz em cena, o mote da pesquisa, a capacidade de transposição do tema sertão para o palco sem cair nos regionalismos ou lugares-comuns.
“É ao longe, no sertão sem fim, que esta peça convida a plateia a se enlutar e acompanhar os velórios simbólicos de vidas sertanejas. Há uma vontade de justiça no ar, e não de vingança”. Eduardo Nunomura | Carta Capital
“A direção de Donizeti Mazonas usufrui do corpo da atriz Tertulina Alves para apoiar a dramaturgia, propondo outras camadas. O encenador com experiência também em dança tem um olhar cinestésico para a jornada de Bastia”. Celso Faria | E-Urbanidade
“Gostei muito, uma experiência sensorial”. Ubiratan Brasil | O Estado de S. Paulo
“Sertão Sem Fim desconstrói o mito do sertão e o interioriza. Ser-tão. O espetáculo dirigido por Donizete Mazonas é muito plástico, muito bonito. A trajetória de Bastia é feita de perdas, velórios simbólicos, e muita resistência.
Luz e som são impecáveis e, no centro de tudo, Tertulina Alves, com aquele vestido vermelho.No universo machista do sertão, ela é uma mulher forte, fora da curva.Monta cavalos e segue à frente dos homens.
Em cena, uma mulher-Tertulina Alves, dizendo com garra o texto de Rudinei Borges Dos Santos. Contam, na forma de monólogo, a história de Bastia/Sebastiana, que veio ao mundo do nada – despertencida”. Luiz Carlos Merten | Blog do Merten
PESQUISA
Em 2018, a atriz Tertulina Alves retornou à Macaúbas, interior da Bahia, onde passou parte de sua infância, para colher diálogos com mulheres da região que foram unidos à história da própria Tertulina e se transformaram na peça Sertão Sem Fim.
Em cena, Tertulina interpreta Bastia, personagem que traz em seu corpo essas diferentes formas de se viver o sertão. As mulheres mais presentes na construção da personagem são a avó de Tertulina, Maria Tertulina, que nasceu no sertão Bahia, na região de Três Outeiros de Macaúbas e migrou para São Paulo; Maria Izabel, moradora da comunidade de Três Outeiros de Macaúbas e conhecida até hoje, com mais de 80 anos, como a Rainha das Cavalgadas; e da própria Tertulina Alves, cuja infância no sertão foi marcada por um período de forte seca.
A história de Bastia é marcada por uma imensa tragédia pessoal: seu marido, o vaqueiro Dão Sálvio, foi covardemente assassinado por fazendeiros da região. O motivo da morte de Dão Sálvio era a prosperidade do casal, que trabalhou duramente durante o período de estiagem e conseguiu adquirir um rebanho de sessenta cabeças de gado. Montada em um cavalo, ela percorre a cidade com o corpo morto do marido, em busca de justiça.
“No Sudeste ainda há um imaginário sobre o sertão que o remete quase sempre à seca. Em Sertão Sem Fim buscamos pensar em outras possibilidades de retratar esse espaço. A Maria Izabel, por exemplo, é uma mulher que foi arrimo de família desde os 10 anos, tendo de trabalhar longe de casa, em espaços onde chovia com mais frequência, para que pudesse trazer sustento para a família”, conta a atriz.
Além da temporada, também está confirmada uma live pelo Instagram @projetosertaosemfim no dia 31 de março, quarta-feira, 20h, com Tertulina Alves e Henrique Fontes, dramaturgo, diretor, ator e gestor cultural natural de Manaus/AM e radicado em Natal/RN, onde construiu sua carreira no teatro desde 1989. Integrante do Grupo Carmin e sócio-fundador do espaço cultural Casa da Ribeira, Henrique tem 21 peças escritas e ganhou os Prêmios Shell, APTR, Botequim Cultural e do Humor em dramaturgia, todos no ano de 2019, pela peça A Invenção do Nordeste. O tema do encontro será o questionamento “Sertão, terra dos fortes?”.
Voltar aos sertões é voltar à aridez da vida, mas é reencontrar flor onde há cacto – Rudinei Borges dos Santos
SINOPSE
Sertão Sem Fim faz o cruzamento da história de três mulheres da comunidade de Três Outeiros de Macaúbas (BA): Maria Tertulina, Tertulina Alves (sua neta) e Maria Izabel, moradora daquela comunidade, conhecida na região como a rainha das cavalgadas. Desse cruzamento nasce a narrativa mito-poética sobre Sebastiana (Bastia).
FICHA TÉCNICA
SERVIÇO
Fonte Aqui Tem Diversão