Lançado em 2016, o filme de introdução do Doutor Estranho no MCU chegou aos cinemas cercado de expectativas. Não só pelo astro Benedict Cumb...
Lançado em 2016, o filme de introdução do Doutor Estranho no MCU chegou aos cinemas cercado de expectativas. Não só pelo astro Benedict Cumberbatch, o favorito dos fãs para o papel do Mago Supremo, ter sido escalado para dar vida ao protagonista, mas também porque o projeto estava sendo vendido como o primeiro filme de terror da Marvel. E até que fazia sentido, já que contrataram Scott Derrickson para comandar toda a parte criativa do longa, e ele acumulava bastante experiência no ramo do horror.
Pois bem, o filme estreou, fez seu sucesso, o Doutor Estranho virou um dos personagens mais populares do MCU, mas… Cadê o tal filme de terror? Talvez por isso muitos fãs tenham ficado desapontados com a primeira aventura do Mago Supremo, por fazer o básico e não explorar tanto as estranhezas desse núcleo mágico e perigoso da Marvel nas telonas. Então, quando confirmaram Derrickson de novo para escrever e dirigir a sequência, um leve desânimo acometeu parte dos fãs por já esperar outra aventura dita de “terror” que jamais cruza a barreira do gênero.
Porém, quando o diretor abandonou o projeto alegando divergências criativas, a Marvel correu atrás de um nome que efetivamente mudaria de vez o nível de Doutor Estranho: o consagrado Sam Raimi.
Famoso por Evil Dead e pela trilogia Homem-Aranha (2002 – 2007), Raimi sabia transitar entre o terror e a aventura, além de ser um baita diretor. Com isso, a produção assumiu de vez que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura seria um filme de terror.
Com estreia marcada para esta quinta, mas com sessões disponíveis a partir de hoje (4), a continuação mostra a diferença que uma excelente direção traz a um projeto. Não que Scott Derrickson não seja bom diretor, mas é que ele não tem “peso” o bastante para bancar certas decisões ante os executivos da Disney. Já Sam Raimi… Bom, ele fala e os outros obedecem. E isso fez toda a diferença para que esse longa saísse de uma aventura genérica para um filme que se não é de terror, está bem próximo de ser.
Sim, o roteiro é bem simples e até um pouco confuso em certos pontos, mas a direção de Raimi traz uma roupagem maravilhosa para a história, que vai arrancar pelo menos um susto da plateia. Ao abraçar a estética do horror, o filme traz momentos nojentos, feios, assustadores e esquisitos. E sabe de uma coisa? Funciona perfeitamente.
Outro ponto fantástico é o desenvolvimento da dupla de protagonistas. Sim, o filme é do Doutor Estranho, mas a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) tem a mesma, quiçá até mais, relevância que o Strange. Dando prosseguimento ao que foi visto em WandaVision, ela assume um papel mais vilanesco em razão do Darkhold e acaba sendo o ponto central do longa, que não poupa a personagem de ações desprezíveis dignas de vilãs de terrores clássicos.
E é interessante reparar como a trama, mesmo que sendo o ponto mais fraco do filme, faça um contraponto excelente a toda a atmosfera suja e de urgência. Enquanto o Multiverso visualmente está acabando, a trama fala essencialmente sobre felicidade. Sim, a busca pela felicidade e suas consequências permeiam os Doutores Estranhos que aparecem, a Feiticeira Escarlate e até mesma a nova adição ao panteão de heróis Marvel, a jovem America Chavez (Xochitl Gomez) que funciona como um motorzinho do roteiro, apesar de não ter tanto destaque quanto Strange e Wanda.
Chavez, inclusive, é mais uma adição aos heróis molecotes que provavelmente vão se juntar num Jovens Vingadores daqui a uns anos. Seu poder de atravessar o Multiverso é visualmente muito interessante e eleva o nível de ameaças do MCU gritantemente.
Falando no Multiverso, as viagens pelas diferentes realidades são bem legais, mas fica aquele gostinho de quero mais. As passagens por essas realidades são muito breves e deixa aquela sensação de que poderiam ter explorado mais.
No entanto, ele revela as tão aguardadas participações especiais, que não interferem em praticamente nada na trama, mas garantem o sorriso dos fãs. Ah, se você for esperando maiores participações além das que a própria Marvel entregou no último TV Spot, vai se decepcionar bastante. Mas convenhamos, se você vai até o filme mais ansioso para participações especiais do que para o filme em si, tem alguma coisa de errada contigo. O longa se sustenta bem sem os cameos.
Por fim, vamos ao grande problema do filme: ele não termina. Mesmo falando de longas como Guerra Infinita (2018) e Ultimato (2019) que foram divididos em duas partes, suas histórias têm começo, meio e fim. Já Doutor Estranho no Multiverso da Loucura parece terminar no momento em que teria início a conclusão do arco do herói. Pois é, o final é literalmente um gancho para uma próxima aventura, o que pode frustrar alguns, principalmente porque a reta final do filme é um absurdo de empolgante e termina de forma muito abrupta.
Fonte CinePOP