O imaginário coletivo de um rockstar é formado por uma pessoa de cabelo comprido, tatuagens, colete, jaqueta, calça de couro e, de preferênc...
O imaginário coletivo de um rockstar é formado por uma pessoa de cabelo comprido, tatuagens, colete, jaqueta, calça de couro e, de preferência, empunhando uma guitarra. A posição de frontman com um pedestal envolto a xales e lenços também completam o arquétipo de um rockstar. Contudo, o rock e metal vão muito além de representações e perfumarias visuais, pois são estilos musicais constituídos essencialmente por músicos e instrumentistas de desenvoltura e domínios técnicos e criativos dignos dos maiores nomes da música erudita como Johann Sebastian Bach, Wolfgang Amadeus Mozart, Antonio Vivaldi, Frédéric Chopin, entre outros.
Um dos maiores nomes do rock e metal, mas que pouco liga para o efêmero título de rockstar, é o tecladista e compositor britânico Donald Smith Airey – para os íntimos Don Airey. O músico é uma das figuras mais prolíficas da música pesada, assinando trabalhos de nomes como Rainbow, Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Whitesnake, UFO, Jethro Tull, Judas Priest, Gary Moore, entre outros.
Desde 2001, Don é membro do icônico Deep Purple e, a partir dessa época, vem emprestando sua ilimitada maestria musical e simpatia ao grupo. E por falar em virtuosismo musical e cordialidade, o público brasileiro pôde testemunhar ao vivo e a cores e em alto e bom som, no último final de semana, durante a sétima edição do Monsters of Rock Brasil, o encantamento que gera a arte de Airey, que brindou os fãs com um show à parte e uma performance irrepreensível.
Usando e abusando do belo timbre do órgão Hammond, o tecladista encorpou clássicos do Purple como Highway Star, When a Blind Man Cries, Perfect Strangers, Space Truckin’, Smoke on the Water e Black Night. Em momento de brilho individual, Don sacou trechos de hinos do rock e metal como a imponente Mr. Crowley, de Ozzy Osbourne.
A música brasileira também fora contemplada num belo e inesquecível medley formado por Sampa (Caetano Veloso), Brasileirinho (Waldir Azevedo), Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu) e Aquarela do Brasil (Ary Barroso). Tal fato apenas reforça o imenso respeito e carinho do músico pelo público daqui, visto que poderia se ater apenas ao repertório do Deep Purple, entregar uma performance regular, receber o polpudo cachê do show e ir para casa curtir os netos.
Longe disso, Don apresentou um profissionalismo exemplar e uma consideração e apreço pelo público raríssimos em tempos de personalidades plásticas e artificiais de rede sociais. E como é prazeroso e edificante prestigiar um músico com tamanha capacidade técnica que não se deixa envenenar pelas peçonhas da vaidade e egocentrismo. Então, aqui fica registrada a nossa admiração e estima ao músico. E claro, vida longa ao Sir Don Airey!