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One Piece: A Série abraça o inusitado universo de Eiichiro Oda - Adaptação live-action não é perfeita, mas surpreende com 1ª temporada engraçada e comovente

One Piece: A Série/Netflix/Divulgação A ideia de adaptar  One Piece  em carne e osso parecia inimaginável há alguns anos. Não só pelo histór...

One Piece: A Série abraça o inusitado universo de Eiichiro Oda | CríticaOne Piece: A Série/Netflix/Divulgação

A ideia de adaptar One Piece em carne e osso parecia inimaginável há alguns anos. Não só pelo histórico desastroso de produções live-action inspiradas em mangás e animes, mas também pela complexidade do universo criado por Eiichiro Oda.

Serializado na revista Shonen Jump desde 1997, o mangá de One Piece foi o pontapé inicial de uma franquia que conquistou milhares de fãs no mundo todo. Esse sucesso não passou despercebido e foi motivo suficiente para Hollywood desejar uma adaptação da jornada de Monkey D. Luffy.

Anunciada em 2020, One Piece: A Série chega ao catálogo da Netflix três anos depois, como uma produção que honra seu material original. Isso não significa que a série esteja livre de alguns tropeços, mas o saldo é positivo e a produção acerta naquilo que é mais importante: não tem medo de abraçar as estranhezas e peculiaridades desse universo tão singular.

O sonho de liberdade do pirata borrachudo

Luffy encontra um novo companheiro pela primeira vez. Netflix/Divulgação

Engana-se quem acha que One Piece é apenas uma história sobre um pirata que estica. Na verdade, a obra de Oda é uma odisseia pelo mar, que aborda temas como liberdade, sonhos e preconceitos, numa densa trama histórica e política.

A narrativa começa com o assassinato de Gold Roger, o homem que encontrou um grande tesouro e se tornou o Rei dos Piratas. Prestes a morrer, após ser capturado pela Marinha, Roger brada suas últimas palavras e inicia A Grande Era dos Piratas. Nesse momento, milhares de pessoas se lançam aos mares em busca do tesouro escondido — o One Piece.

Anos depois, Monkey D. Luffy, um garoto com habilidades elásticas, parte em busca do tesouro de Gold Roger e do sonho de se tornar o Rei dos Piratas. Para isso, ele precisa encontrar uma tripulação leal. E é com os protagonistas dessa história que a série live-action faz seu principal acerto.

A primeira aparição do bando do Chapéu de Palha é um presente para qualquer fã e comprova que o elenco foi escolhido a dedo. Mackenyu incorpora a personalidade forte e misteriosa de Roronoa Zoro, enquanto Emily Rudd entrega o charme e a sagacidade de Nami. Jacob Gibson, por sua vez, destaca a lealdade de Usopp, enquanto Taz Skylar rouba a cena com um Sanji apaixonante.

O papel mais difícil é, sem dúvidas, o de Iñaki Godoy. Interpretar Luffy não é uma tarefa fácil, porque o protagonista de One Piece não é nada convencional. O Chapéu de Palha não quer ser um herói. Na verdade, ele rejeita esse título sempre que pode.

Luffy é uma caixinha de surpresas e está sempre quebrando as expectativas que se tem dele. Uma personalidade muito complexa para tirar do papel/animação. Na série live-action, em alguns momentos, Godoy entrega uma versão do Chapéu de Palha que chega a ser caricata e forçada. Mas, ainda assim, celebra o humor bobão e o grande coração do protagonista de One Piece.

A produção acerta em preservar o passado de seus protagonistas, algo que, a propósito, foi uma exigência de Oda. A condição é coerente, uma vez que é a origem dos Chapéus de Palha que carrega os principais elementos dramáticos de One Piece. Como fã, é possível sentir que essas subtramas foram valorizadas e apreciadas com muito carinho pela série live-action.

Entre os papéis secundários, Garp (Vincent Regan) e Shanks (Peter Gadiot) são o grande destaque. A interpretação dos atores impressiona, diverte e comove — num mix de emoções que representa muito bem o que se espera desses dois personagens numa adaptação live-action. Quanto aos vilões, Buggy (Jeff Ward) e Capitão Kuro (Alexander Maniatis) são as estrelas.

One Piece: A Série acerta no humor

O Bando do Chapéu de Palha. Netflix/Divulgação

Felizmente, One Piece: A Série não é uma mera reprodução da obra original. A adaptação live-action traz mudanças em relação ao mangá. Essas alterações, geralmente, têm a ver com a narrativa de alguns eventos e não trazem prejuízos à trama. Pelo contrário, aparecem como uma forma inteligente de “amarrar” alguns capítulos dessa extensa jornada num novo formato.

Nesse sentido, os quatro primeiros episódios são muito bem executados, em especial o 4º, que aposta numa ambientação cheia de suspense. Nos momentos de ação, as cenas de lutas com espadas são a melhor parte, mas o estilo Santoryu (combate com três espadas) de Zoro poderia ter aparecido mais vezes.

Somado a isso, os efeitos visuais e especiais realmente impressionam. Como dito antes, o universo de One Piece é repleto de seres, criaturas e eventos singulares, que atestam a criatividade infinita de seu criador. E, para os fãs, esse sempre foi um dos principais receios quando se pensa numa adaptação live-action. Contudo, definitivamente, não foi um empecilho para a Netflix.

One Piece: A Série celebra a ação e a aventura da obra original, mas é com o tom de comédia que a produção tem seus melhores momentos. Sem os recursos de humor típicos do estilo de mangá/animação, o live-action convence quando aposta no lado cômico e bizarro do universo, com diálogos engraçados e honrando a caracterização de alguns personagens.

De modo geral, a série é um feito surpreendente como adaptação live-action de um mangá que tem 26 anos de duração. Contudo, não está isenta de cometer alguns tropeços no caminho. O live-action deixa a desejar nos quatro episódios finais — em momentos que acelera demais o ritmo e não entrega toda a carga dramática que alguns eventos deveriam ter.

Aqui, as mudanças envolvendo os arcos de Sanji e Nami (Baratie e Arlong Park, respectivamente), poderiam ter sido melhor desenvolvidas, a fim de mostrar a dificuldade de resolução desses conflitos com mais clareza.

Porém, mesmo com tais tropeços, a 1ª temporada da série live-action de One Piece supera as expectativas e cumpre seu papel: apresentar a jornada de Monkey D. Luffy e seus companheiros em um novo formato, honrando a obra original.

Para os navegantes de primeira viagem, a produção de Matt Owens e Steven Maeda é um convite para mergulhar nesse universo tão incrível e singular. Já para os fãs de longa data de One Piece é um verdadeiro presente, pois retoma e celebra o início daquilo que há de mais precioso na jornada de nossos piratas favoritos: o sonho de liberdade, o humor, a ação e o verdadeiro mix de emoções que só Eiichiro Oda seria capaz de criar.

A 1ª temporada de One Piece: A Série está disponível no catálogo da Netflix, com oito episódios.

Fonte Jovem Nerd