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Avatar: Frontiers of Pandora tem acertos, mas falha em surpreender | Review

(Divulgação) Inspirado no mundo criado por  James Cameron  nos cinemas,  Avatar: Frontiers of Pandora  é o novo game da  Ubisoft  e  Massive...

Avatar: Frontiers of Pandora tem acertos, mas falha em surpreender | Review(Divulgação)

Inspirado no mundo criado por James Cameron nos cinemas, Avatar: Frontiers of Pandora é o novo game da Ubisoft Massive Entertainment, que promete colocar o jogador dentro do universo dos Na’vi.

Curiosamente, o jogo não atravessa suas fronteiras: apesar da inspiração, o que é filme fica no filme, e o que aparece no título é de caráter canônico, mas segue sua própria história. E, mesmo com um universo grandioso à disposição, o título entrega uma trama morna e com poucas surpresas.

Ecoterrorismo gamer

Imagem de Avatar Frontiers of Pandora
Sarentu é o último representante da sua tribo, tida como extinta em Pandora (Divulgação)

Avatar: Frontiers of Pandora se baseia na construção de mundo que Cameron criou para os seus filmes. Os Na’vi, habitantes de Pandora, lutam para proteger o seu mundo da invasão humana, que busca por recursos minerais valiosos de forma inescrupulosa no planeta.

O jogo começa oito anos antes da chegada de Jake Sully (o protagonista dos dois filmes) em Pandora, quando um grupo da RDA (Administração de Recursos de Desenvolvimento) planeja treinar cinco crianças Na’vi para servirem como embaixadoras das relações diplomáticas entre humanos e os habitantes de Pandora.

Óbvio que o plano é furado, já que as crianças acabam se lembrando que foram sequestradas de seus clãs nativos e decidem fugir. No meio da fuga, uma delas é morta e o projeto é cancelado. Após a derrota dos humanos no final do primeiro filme, as instalações da RDA são abandonadas e um dos chefes do projeto, John Mercer, decide que é melhor eliminar as crianças a deixá-las vivas, mas a Dra. Alma Cortez pensa diferente, e as mantém em criogenia por mais alguns anos, até que sejam despertadas.

Imagem de Avatar Frontiers of Pandora
Esse é o efeito ser humano em Pandora (Divulgação)

E aí é que começamos, de fato, a jogar Frontiers of Pandora. Assumimos o controle de um Na’vi conhecido como Sarentu, o último representante de um clã extinto em Pandora. Nosso papel na guerra que segue no planeta é o de unir todas as tribos da região e expulsar por completo a RDA, de uma vez por todas. Para que isso aconteça, é preciso destruir as bases de operações existentes em Pandora, que mineram recursos, mas também acabam com os biomas do planeta, tirando a vida de tudo ao seu redor.

É um negócio bizarro o quão maléfica são essas instalações para o meio ambiente do jogo. Tudo apodrece, a vida vai embora, o mar de lama e destroços toma conta dos lugares onde essas instalações estão presentes. Como Sarentu, nosso papel é o de sabotar esses lugares para que a vida retorne como um passe de mágica (literalmente, porque o verde volta no instante que as instalações são destruídas).

É muito Far Cry?

Imagem de Avatar Frontiers of Pandora
O combate traz semelhanças com outros FPS e garante uma diversão confortável (Divulgação)

Provavelmente essa é a pergunta que todo mundo faz quando está buscando mais informações sobre Avatar: Frontiers of Pandora. Resumindo minha resposta, sim, ele é bem similar à Far Cry em muitos aspectos, mas também incorpora certos elementos ao gameplay que garantem um ar de novidade.

Claro, o mote principal do jogo é deter a exploração predatória de Pandora eliminando as bases mineradoras espalhadas no mapa, purificando biomas e conquistando territórios na base da “flecha na cara” a maior parte do tempo, mas o jogo também traz alguns extras para criar um pouco de originalidade no estilo. Ou talvez só formas variadas de estressar a gente com o passar do tempo?

Não temos linhas que nos guiam de um lugar para o outro. A exploração do jogo é um pouco difícil no começo porque é tudo meio do mato, longe e cercado por montanhas gigantes, mas aos poucos vamos acostumando. Para nos auxiliar, temos a visão de caça, uma espécie de instinto que realça tudo que é benéfico ou prejudicial em determinada área.

Imagem de Avatar Frontiers of Pandora
Sua árvore de habilidades garante uma jogatina mais suave (Divulgação)

Esse instinto de caça também serve para explorarmos floresta à dentro em busca de mudas especiais de plantas que acordam nossas habilidades latentes. Essas habilidades são divididas em dois tipos, aquelas que podem ser compradas com pontos de experiência e outras mais específicas, que precisam ser encontradas em locais escondidos dentro da floresta.

A árvore de habilidades que requer apenas pontos de experiência é dividida em cinco talentos: sobrevivência, guerra, artesanato, caça e habilidades necessárias para voar com seu Ikram. Cada uma dessas habilidades pode ser adquirida em qualquer momento do jogo, desde que o jogador possua pontos de experiência para trocar.

Uma novidade que vale a pena ser explorada com calma no jogo que é a sua alimentação. Não há armaduras ou maquinário de guerra, estamos sempre seminus, com um arco na mão e os pés descalços lutando com exércitos enormes. A criação de pratos especiais de acordo com os itens encontrados no mapa – carnes de animais, sementes e frutas – garante certos bônus, como força extra, melhor mira ou mais estamina para realização de algumas tarefas.

As coisas como elas são

Imagem de Avatar Frontiers of Pandora
As paisagens do jogo garantem um espetáculo sozinhas (Divulgação)

É possível notar em Avatar: Frontiers of Pandora um pouco de descaso na hora de explorar alguns dos aspectos inéditos do jogo, como se a Massive Entertainment, a desenvolvedora, não quisesse arriscar muito na hora de colocar em prática ideias únicas de gameplay e criar algo realmente inédito.

Claro, nem todo jogo busca influenciar a indústria a todo momento, mas faltou um pouco de ousadia na hora de apresentar Pandora ao jogador. Estamos falando de um lugar completamente alienígena, visto apenas através do cinema, sem nenhum tipo de interação real com o espectador. Era de se esperar algo um pouco mais incrível do que plantas que explodem com o toque.

O jogo consegue passar um pouco dessa sensação nas primeiras horas, quando tudo é novidade. Há várias flores brilhantes e coloridas, que às vezes dão vontade de tocar, mas sabemos que não é possível. Outras aprendemos a colher para criar itens que vão nos auxiliar na jornada. Inclusive, todo o processo de colheita de mudas, galhos e sementes no jogo requer muito cuidado, seja com a hora do dia que são colhidas – dia, noite ou chuva –, como também no momento de extração – com a forma correta de extraí-la sentida através do controle.

Imagem de Avatar Frontiers of Pandora
Tem uma parte de Pandora que você só consegue chegar depois de algumas horas de jogo (Divulgação)

Mas tudo isso passa a ficar cansativo com menos de 10 horas de jogo, porque é muito repetitivo. O mapa é gigante, mas a variedade de espécimes que podemos interagir é mínima e não condiz com a escala da região. É tudo muito igual depois de um certo tempo, e só nos resta pensar em correr e andar com a história para ver se algo diferente acontece.

A própria introdução dos diversos clãs Na’vi do jogo não os diferencia muito em visual. No último filme, por exemplo, somos apresentados a um mundo submerso completamente novo no cânone de Avatar. E nem o conceito de vida submersa existe no game, a gente mal consegue mergulhar nos rios mais rasos da região.

Em relação aos demais personagens do jogo, é muito difícil a gente se apegar a qualquer um deles. Os Na’vi são todos muito parecidos, os humanos são praticamente desnecessários, mesmo o vilão principal, que praticamente vemos apenas nos primeiros minutos e últimos minutos da campanha.

Imagem de Avatar Frontiers of Pandora
As partes mais interessantes do jogo são fora de combate (Divulgação)

O combate fica naquilo que já conhecemos. Enfrentar os humanos não é uma tarefa muito difícil, pelo menos quando estão sozinhos. A inteligência artificial falha em muitos momentos, mas uma vez que o alerta passa a tocar na base, não existe mais a possibilidade de permanecer escondido.

Os tiros inimigos machucam mais que os seus próprios, e as armaduras de combate requerem um pouco de estratégia quando não estão sozinhas. Uma das melhores alternativas é hackear as armaduras antes de enfrentá-las, pelo menos ficam imóveis por um tempo.

Avatar: Frontiers of Pandora não é um jogo ruim, mas também não é bom. É meio sem graça e pode deixar a gente frustrado nas primeiras horas, dada a dificuldade inicial de entender os pontos de navegação do mapa, para onde ir, com quem falar e como sobreviver no meio do tiroteio. O jogo cativa na hora de explorar a vida nativa e o convívio com a natureza, mas fica ali na mesma coisa que o filme já fazia pela gente. Aventura morna e pouco ousada, infelizmente.

Avatar: Frontiers of Pandora está disponível para PlayStation 5Xbox Series X/S e PC.

Fonte Jovem Nerd