Hoje em dia a impressão que se tem é que a internet está em todo lugar, e se torna cada vez mais acessível. Porém, infelizmente, a realidade...
Hoje em dia a impressão que se tem é que a internet está em todo lugar, e se torna cada vez mais acessível. Porém, infelizmente, a realidade é que muitas pessoas ainda estão bem atrás nessa evolução tecnologia, trazendo uma desigualdade social preocupante.
Isso porque uma pesquisa da TIC Domicílios revelou que, atualmente, 29 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à internet, mostrando que ainda existe um abismo tecnológico preocupante no país.
Desigualdade no acesso à internet
Diante desses dados, muitas pessoas acreditam que a falta de conexão de internet estaria concentrada principalmente nas regiões rurais do Brasil, mas o resultado da pesquisa contraria essa teoria. De acordo com os dados revelados, 24 milhões de brasileiros desconectados residem em áreas urbanas. Esse número corresponde a 83% do total.
Isso inclui bairros periféricos de grandes cidades, onde a exclusão digital é mais um reflexo das desigualdades econômicas e sociais que atingem essas comunidades.
Outro dado que é importante ser abordado mostra que 76% das pessoas sem acesso têm apenas o Ensino Fundamental completo, totalizando 22 milhões de indivíduos. Outros 6 milhões chegaram até o Ensino Médio (21%), o que confirma a conexão direta entre o grau de instrução e a exclusão digital. Esses números mostram que a falta de conectividade está frequentemente associada a uma falta de oportunidades educacionais e de inclusão social.
Idosos e regiões desconectadas
A desigualdade digital afeta de maneira desproporcional a população idosa: quase metade (48,2%) das pessoas sem acesso à internet têm mais de 60 anos. Nesse caso o dado não é uma surpresa, mas ainda assim mostra uma preocupação crescente. Isso porque essa falta de inclusão tecnológica entre os idosos pode limitar o acesso a serviços de saúde, informações importantes e comunicação com familiares, o que pode piorar ainda mais o isolamento social dessa faixa etária.
Geograficamente, as regiões mais afetadas são o Sudeste (42,4%) e o Nordeste (27,6%). O Sudeste, mesmo sendo a região mais desenvolvida economicamente do Brasil, ainda enfrenta grandes desigualdades, com bolsões de pobreza onde a exclusão digital é significativa. No Nordeste, a exclusão se soma a desafios econômicos históricos, tornando o acesso à internet um problema persistente.
Raça e desigualdade tecnológica
Outro aspecto que a pesquisa destaca é o impacto racial dessa exclusão: 59% das pessoas sem acesso à internet no Brasil são pretas ou pardas. Esse é outro dado que infelizmente acaba comprovando as desigualdades raciais que ainda estão muito presentes no país, onde populações historicamente marginalizadas têm menos acesso a recursos tecnológicos e oportunidades educacionais.
Mesmo nas classes sociais mais altas, o problema persiste: 1 milhão de brasileiros das classes AB não utilizam a internet, e 2 milhões de pessoas com ensino superior também permanecem desconectadas. Esses dados surpreendem e indicam que a questão do acesso à internet não é apenas uma barreira econômica, mas também pode estar relacionada a fatores culturais, geracionais ou de infraestrutura.
Um futuro de inclusão digital
Ainda que os números ainda sejam preocupantes, a boa notícia é que existe uma tendência de melhora ao longo dos anos. O número de brasileiros desconectados vem diminuindo, o que já mostra que muitas iniciativas de inclusão digital e avanços tecnológicos estão tendo algum efeito positivo.
Mas, ainda assim, é preciso que políticas públicas sejam mais efetivas, focando na inclusão das comunidades mais vulneráveis e na educação digital. Isso porque atualmente a internet não é só uma ferramenta de entretenimento ou comunicação, ela é importante para a educação, o trabalho e o acesso a direitos básicos.
Fonte: cetic